quinta-feira, 6 de janeiro de 2011


O que é?
É uma patologia que afecta o sistema nervoso. Caracteriza-se por alterações temporárias e reversíveis na actividade eléctrica do cérebro e traduz-se em manifestações motoras, sensoriais, psíquicas e/ou neurovegetativas.
É uma doença crónica que afecta cerca de 1 em cada 200 indivíduos, o que pressupõe, para Portugal, uma prevalência entre 30 a 50 mil pessoas com epilepsia e, para a Europa, cerca de 6 milhões de indivíduos afectados pela doença.
Considera-se como epilepsia o aparecimento de duas ou mais crises de início brusco e inesperado. Uma crise isolada não é epilepsia, assim, as crises surgidas no decurso de um processo agudo (febre, infecção, etc.) denominam-se de crises ocasionais e não constituem uma epilepsia.


Curiosidades:
Muita gente conhece a epilepsia como a doença na qual o paciente sofre de crises, causando-lhe quedas, convulsões incontroláveis, espuma da boca e perda de urina.
Na Grécia Antiga acreditava-se que estas pessoas estavam possuídas pelo demónio! Daqui deriva a origem da palavra Epilepsia: é a designação Grega para "ser apanhado ou atacado". Em alemão era chamada a "doença das quedas". Uma designação inapropriada, pois nem todas as pessoas com epilepsia caiem durante uma crise.

Causas da Epilepsia e seus Desencadeantes

Algumas causas da Epilepsia são:
  • Anaxia cerebral;
  • Hipoglicemia;
  • Perturbação no equilíbrio do cálcio;
  • Perturbação na hidratação;~
  • Ingestão de drogas e venenos;
  • Enúmeras perturbações e distúrbios metabólicos;
  • Infecções que provocam temperaturas muito elevadas;
  • Desequilíbrios electrolíticos;
  • Privação de sono;
  • Processos inflamatórios generalizados;
  • Distúrbios degenerativos dos tecidos;
  • Histeria
  • Mudanças súbitas da intensidade luminosa ou luzes intermitentes (alguns doentes têm crises epilépticas quando vêem televisão, jogam computador ou frequentam discotecas).

Alguns desencadeantes destas causas são:
  • Tumores;
  • AVC;
  • Zonas inflamadas ou abcessos;
  • Esclerose;
  • Formações ou hematomas vasculares;
  • Deformações congénitas;
  • Traumatismo.

Crises Epilépticas




Uma crise epiléptica pode ser descrita como uma "tempestade repentina" no cérebro.




Há uma falha temporária na rede de ligações entre os milhões de células cerebrais. Estas células trocam informações continuamente. Normalmente isto ocorre de um modo maravilhosamente estruturado . No caso de pessoas com epilepsia, grandes grupos de células cerebrais começam a trocar informação umas com as outras ao mesmo tempo. Deste caos resulta uma crise epiléptica. Felizmente o cérebro é capaz de restaurar a ordem por si próprio - consequentemente a crise termina. Em algumas pessoas a crise pode demorar mais do que noutras.


Resumidamente, as crises epilépticas podem descrever-se como:
  • Episódios de convulsões ou espasmos agudos;
  • Descargas eléctricas cerebrais não reguladas;
  • Podem durar entre alguns segundos a alguns minutos;
  • Espontâneas e não controladas.

Classificação dos Tipos Crises Epilépticas

As crises podem assumir uma enorme diversidade. Segue-se uma abordagem geral sobre este assunto.

Basicamente há dois tipos de crises:


Nota:

Nas crianças a epilepsia pode desaparecer completamente. Muitas vezes, isto também é verdadeiro para os adultos mas, mesmo quando continuam a sofrer de epilepsia, a sua doença é geralmente controlada, de modo aceitável, com medicação.

Causas de Crises Convulsivas

•Epilepsia;
•Hipoglicemia;
•Overdose de cocaína;
•Abstinência alcoólica;
•Meningite;
•Lesões cerebrais: tumores, derrame e TCE;
•Eclâmpsia;
•Febre alta.

Como actuar perante um indivíduo em crise

Primeiros-Socorros a prestar perante um indivíduo em crise:

Em caso de Grande Mal Epiléptico: 
  • Proteger a vítima; 
  • Não restringir os movimentos à força; 
  • Afastar todos os objectos em redor ( a fim de evitar a auto-mutilação);
  • Não deslocar a vítima;  
  • Não tentar acordar a vítima; 
  • Não dar nada de beber à vítima; 
  • Evitar a queda da língua colocando uma caneta ou uma colher atravessada na boca; 
  • Colocar em PLS (Posição Lateral de Segurança) quando as convulsões pararem; 
  • Manter acompanhamento até a recuperação completa; 
  • Encaminhar a vítima ao hospital.
Em caso de Pequeno Mal Epiléptico:
  • Proteger a vítima de perigos; 
  • Afastá-la de curiosos; 
  • Acompanhá-la até estar completamente recuperada; 
  • Aconselhá-la a procurar um médico.

Diagnóstico e Característica Clínica


O diagnóstico da epilepsia é exclusivamente clínico.

O médico deve apurar junto dos familiares se ocorreram outras crises no passado e obter uma descrição pormenorizada das crises, em particular da última crise que o doente teve.

O diagnóstico definitivo da epilepsia depende de um eletroencefalograma (EEG), mas por vezes os resultados do estado, aparentemente normal, são falsos.

Exames complementares de diagnóstico

Electroencefalograma (EEG) é o exame laboratorial mais importante no diagnóstico da epilepsia e regista as variações da actividade eléctrica de grandes grupos de neurónios através da colocação de eléctrodos no couro cabeludo do doente.
 

Valor do EEG na Epilepsia

 O EEG permite:

Apoiar o diagnóstico;
Classificar e excluir síndromes específicas;
Classificar crises e determinar a sua frequência;
Monitorizar a terapêutica;
Registar crises não identificadas;
Determinar o papel da fotossensibilidade e outros precipitantes de crises.

 

As técnicas de neuroimagiologia, a tomografia axial computorizada (TAC) e a ressonância magnética (RM) são também uma importante fonte de informação sobre as alterações estruturais e funcionais do cérebro nos doentes com epilepsia.

Medidas Terapêuticas


O sucesso de um tratamento depende de vários factores:
  •    Tipo de crises;
  •    Diagnóstico precoce da doença;
  •    Eficácia do(s) medicamento(s) utilizado(s);
  •    Cumprimento da medicação;
  •    Existência de outras lesões associadas;
  •    Problemas sócio-profissionais;
  •    Etc

Fármacos usados no tratamento da Epilepsia

  • Benzodiazepínicos;
  • Fenitoína;
  • Carbamazepina;
  • Valproato;
  • Etossuximida;
  • Fenobarbital.

Tipos de Cirurgia



Dispositivo que alerta para crises de Epilepsia

Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra lidera um projecto internacional que desenvolve um dispositivo para ser usado por doentes epilépticos, capaz de alertar para uma nova crise com algum tempo de antecipação.
António Dourado, líder da equipa de investigação iniciada há três meses, disse à agência Lusa que espera poder alcançar um «tempo de antecipação mínimo de 15 minutos», entre o alerta e a ocorrência da crise epiléptica.
Para o docente da área da informática, quanto maior for o tempo de antecipação melhor, mas os 15 minutos já permitem ao paciente imobilizar a viatura se vai a conduzir, parar o seu trabalho e evitar eventuais acidentes e resguardar-se socialmente dos aspectos negativos que comporta essa doença.
«O doente epiléptico tem grandes limitações de integração social» e, através deste dispositivo de alerta, isso poderá ficar esbatido, observou.
O Sistema de Alarme Inteligente Transportável para Pacientes com Epilepsia, indicado para aqueles que não podem ser tratados com fármacos, consiste num conjunto de eléctrodos que são colados no couro cabeludo do paciente, ligados a um dispositivo de aquisição e emissão de sinal, a transmitir para um computador portátil que o processa.
Se se está perante sinais de uma crise epiléptica é emitido um alerta sonoro ao paciente.
Este será o dispositivo que dentro de dois anos e meio será testado em pacientes de Portugal, França e Alemanha, cinco por país, mas António Dourado admite que tecnologicamente será possível que o dispositivo de recepção e processamento do sinal tenha a dimensão de um maço de tabaco, ou que o sinal seja transmitido por comunicação móvel para um computador que o processa, e até para um centro de apoio, para mobilização de ajuda.
Com um orçamento global de 4 milhões de euros, o projecto, denominado EPILEPSIAE - Evolving Platform for Improving Living Expectations of Patients Suffering from Ictal Events, é financiado pela União Europeia em 3 milhões de euros.
Tem como parceiros os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), o Centro Nacional de Investigação Científica de França, a Universidade Pierre et Marie Curie e o Laboratório de Neurociências Cognitivas do Hospital Pitié - La Salpêtrière (França), a Universidade Albert Ludwigs e o Hospital Universitário de Friburgo (Alemanha) e ainda a Empresa Micromed, de Itália, que será responsável pela fabricação e comercialização mundial do equipamento, no final da investigação.
De acordo com uma nota do Departamento de Comunicação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), o objectivo central do EPILEPSIAE é encontrar soluções tecnológicas de informação e comunicação capazes de prever o surgimento de uma crise de epilepsia, para que o doente possa tomar medidas atempadas, isto é, monitorizar os seus próprios riscos e ter a crise em privado, por forma a melhorar a sua segurança na vida diária e facilitar a sua integração social.
A equipa multidisciplinar liderada por António Dourado, que envolve 15 investigadores de Coimbra, está a desenvolver algoritmos de inteligência computacional para detectar as crises epilépticas com alguma antecedência, medindo em permanência, através do electroencefalograma e electrocardiograma não invasivos, o estado neuronal do doente, acrescenta.
O mesmo grupo de investigadores participa também activamente no desenvolvimento de uma Base de Dados Europeia de Epilepsia que registe em forma adequada a informação multisensorial recolhida dos pacientes, a ser usada para o desenvolvimento do conhecimento através de técnicas avançadas de exploração de dados (Semantic mining).
«É um enorme desafio científico e clínico. Conseguir melhorar a qualidade de vida e segurança destes doentes é uma preocupação mundial. A comunidade científica tem desenvolvido alguns estudos, mas até ao momento ainda não surgiu uma solução.
Os doentes epilépticos que não podem ser tratados com fármacos estão sujeitos a crises em qualquer altura, tornando o seu quotidiano numa permanente e desagradável aventura, que os impede de realizar inúmeras tarefas. Por outro lado, a sua integração social é altamente limitada», salienta António Dourado.
A ideia, e a premência, de desenvolver este projecto parte da colaboração com especialistas da Clínica de Epilepsia dos HUC, nomeadamente com o clínico Francisco Sales, no âmbito dos Projectos de Engenharia Biomédica.
A partir daí foram estabelecidos contactos com os vários parceiros, entre os quais se contam «os centros europeus mais conceituados na área», a proposta foi trabalhada em conjunto e o consórcio de investigação criado, acrescenta o investigador, que é igualmente Coordenador do Grupo de Computação Adaptativa do CISUC (Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra), ao qual estão também ligados outros investigadores deste projecto, nomeadamente da Inteligência Artificial e de Bases de Dados desse Centro.
A epilepsia é a doença neurológica mais frequente. Na Europa existem actualmente 6 milhões de epilépticos.

Conselhos para uma pessoa com Epilepsia

  • Evitar a ingestão de bebidas alcoólicas;
  • Fazer repouso nocturno suficiente;
  • Não tomar banhos de imersão;
  • Não nadar sozinho, nem fora de pé mesmo acompanhado;
  • Evitar outras actividades perigosas;
  • Evitar alguns medicamentos (consultar o médico).

Ideias a reter

  • Algumas epilepsias têm cura.
  • Só alguns doentes necessitam permanentemente de medicação antiepiléptica.
  • 70% dos doentes estão livres de crises 15 anos após o inicio da medicação.
  • Inicia-se a medicação antiepilépticacom um único medicamento (monoterapia), de acordo com o tipo de crises.
  • Por vezes, é necessário medir o "nível sérico" de um medicamento antipiléptico, o qual se realiza com uma análise sanguínea.
  • Quando o tratamento médico não surte efeito, por vezes recorre-se à "cirurgia da epilepsia".

Conclusão

Ter epilepsia não implica atraso mental ou baixo rendimento, nem exclui o génio.
Milhões de pessoas com epilepsia são excelentes profissionais e têm uma vida familiar e sócio-profissional perfeitamente normal.
Algumas pessoas conseguem ter uma vida activa e normal com tratamento adequado.

Bibliografia

  • http://www.lpce.pt/doenca.htm
  • http://www.janssen-cilag.pt/disease/detail.jhtml?itemname=epilepsy_about
  • http://www.epilepsia.pt/
  • http://www.manualmerck.net/?id=99&cn=912
  • http://www.epico.pt/InformacaoMedica/Epilepsia/oquee.aspx